Na manhã da quarta-feira, 18 de
maio, aconteceu na cidade de Taió a 1ª
Caminhada pelo Combate ao abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes,
promovida pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Assistência
Social e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA,
com o objetivo de mobilizar, sensibilizar, informar e convocar a sociedade em
geral para se conscientizar com esta importante questão. Participaram da
mobilização em defesa dos direitos infanto-juvenis alunos das redes particular
e pública, professores, pais, funcionários da Secretária de Saúde e de
Assistência Social, representantes do Poder Executivo e Legislativo, bem como
membros da sociedade civil.
A diretora da Assistência Social Daiana De Moraes Deeke conta
um pouco sobre o dia 18 de maio: “É um
dia especial, mas todos os dias são dias de combate e prevenção. Procuramos conscientizar
e divulgar sobre a violência que crianças e adolescentes sofrem. A logomarca da
campanha é uma flor, e ela tornou-se o símbolo do enfrentamento à violência
sexual infanto-juvenil. E trazer as
crianças para a rua hoje com seus brinquedos é uma forma de mostrar que
precisam e devem brincar.”
Já a Presidente da CMDCA, Indianara
Seman, comenta que “é apenas um dia
simbólico para que se dê visibilidade e importância aos direitos das crianças e
adolescentes e alerte às famílias e população taioense em geral sobre os abusos
e violência que muitos sofrem diariamente. Ainda não temos os índices, mas
conhecemos inúmeros casos e isso nos preocupa! A campanha se chama ‘Faça
bonito’. Então, é legal fazer bonito, é legal proteger.”
O sociólogo e educador Guilherme Cechelero, comenta que esse
é “um evento que reflete sobre a questão
da violência e do abuso com o público infanto-juvenil, e vai muito além da
caminhada que é apenas uma simbologia, pois a violência e o abuso são
camuflados e ocorrem, muitas vezes, dentro de casa, na própria família. Isso é
um assunto importante e que merece todo o cuidado e atenção: a maioria dos
abusadores não são pessoas de fora, mas sim familiares e amigos próximos.
Portanto, ficar alerta aos sinais que as crianças e os adolescentes apresentam
é fundamental. Esse momento é importante para que pensemos em políticas
públicas e governamentais que combatam e inclusive previnam esses atos contra
as crianças e adolescentes, que não a nossa preciosidade.”
O prefeito Hugo Lembeck comentou que “essa iniciativa é permanente, que chamar a atenção da comunidade e
mostrar que não é responsabilidade exclusiva do Poder Público, nem do
Ministério Público, nem do Conselho Tutelar e nem das escolas, que esta é uma
responsabilidade de todos, mas principalmente da família, visto que essas
situações ocorrem geralmente, não aos olhos de todos, mas dentro da família, de
forma velada. E pode ocorrer em qualquer família, inclusive nas melhores e mais
estruturadas. Precisamos proteger nossas crianças e adolescentes e garantir que
todos possam crescer saudáveis, tanto física quanto psicologicamente.”
A professora Anelise Kleine, professora, vê a iniciativa “como algo de suma importância, visto que
envolve Poder Público, escolas e famílias de modo geral e os convida a participar
de uma conscientização para que se protejam os direitos das crianças e
adolescentes, principalmente no âmbito sexual. Sabemos que sofrem muito descaso, abandono,
intolerância, abusos e até exploração por parte de colegas e de familiares.
Vale a pena participar e divulgar essa campanha!”
O promotor Leandro Garcia Machado, que panfletou e realizou a
caminhada também, comenta que “essa ação
é importante para chamar a atenção para o abuso sexual contra crianças e
adolescentes, que muitas vezes acontece no seio da própria família. É um crime
gravíssimo e que deixa danos permanentes, tanto no aspecto físico, quanto no
psicológico das crianças e adolescentes. É uma caminhada simbólica para que se
mostre que a violência sexual pode estar em lugares que não se imagina e que é
importante orientar os filhos e escutá-los.”
Marliza Martins, mãe e vereadora, vê como positiva a ação.
Comenta que “recentemente o Promotor
Leandro esteve na Câmara conversando conosco e nos contou, alarmado, dos fatos
que vem ocorrendo aqui na cidade de Taió. Vemos nossas crianças e adolescentes
perdidos, desestruturados, envolvidos com drogas, com bebidas, sem perspectiva
de futuro. Pena que poucos pais puderam participar desse ato. Não só alunos
deveriam estar aqui, mas as famílias inteiras, de mãos dadas, unidas, lutando
contra a violência e exploração sexual. Muitos pais ainda delegam a função de
educar seus próprios filhos a outras pessoas e instituições. Sabemos que por
causa da rotina de trabalho corrida (onde se batalha para dar uma vida melhor
para a família), se acaba por não ter tempo para os filhos. Peço que cada um dê
atenção aos filhos, que converse, ouça, abrace, opine, ensine, se importe, dê
atenção e mostre o quão importante eles são. Com certeza isso fará a diferença!”
O assistente social André Fritze comentou que “é necessário que conscientizemos toda a
população taioense para que se protejam as crianças e adolescentes. Precisamos
de todos envolvidos em prol dos mesmos, protegendo e cuidando do bem-estar e
saúde deles. Contamos com o apoio do Conselho Tutelar, de toda a Rede de
Assistência Social, juntamente com as escolas municipais e estaduais que se
engajam nas causas de cuidado e apoio ao nosso público infanto-juvenil.”
As alunas do 9º ano da EEF Adolpho Ewald, Emili Spredemann e
Maria Eduarda Juncek, que participaram da caminhada, entrevistaram pessoas e
fotografaram o evento comentam que “muitas
pessoas pensam que este é um assunto que só acontece em grandes cidades ou na
TV e em filmes, pois acreditam que por Taió ser uma cidade pequena, ninguém é
abusado ou explorado sexualmente. Pesquisamos muito sobre isso e vimos que os
dados são alarmantes, ainda mais com as redes sociais e o acesso limitado das
crianças e jovens sem a supervisão dos pais. Como o palestrante Guilherme
comentou, nós que somos adolescentes precisamos ser pró-ativos e usar os meios
de comunicação para fazer coisas bacanas e sermos protagonistas da nossa
própria história.”
(Texto
e imagens: Emili Spredemann, Maria Eduarda Juncek e Professora Cleide Tamanini
Bogo)
SAIBA MAIS
Com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para o
engajamento contra a violação dos direitos sexuais de crianças e adolescentes,
o dia 18 de maio foi estabelecido como o “Dia
Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”.
No ano de 2015 foram
registradas 29.843 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes
no Brasil. Desses casos, 21.921 foram de abuso e 7.922 de exploração sexual
infantil. Esses dados revelam que a maioria das vítimas de
violência sexual são do sexo feminino, representando 78% das denúncias
registradas. Essas informações foram divulgadas
pelo Disque Direitos Humanos e evidenciam como é importante combater essa
realidade. E maio é o mês dessa luta.
Por que 18 de maio?
Neste dia, em 1973, uma menina de 8 anos, de Vitória (ES), foi
sequestrada, violentada e cruelmente assassinada. Seu corpo apareceu seis dias
depois, carbonizado e os seus agressores nunca foram punidos. Com a
repercussão do caso, e forte mobilização do movimento em defesa dos direitos
das crianças e adolescentes, 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de
Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi
instituída pela Lei 9.970, de 17 de maio de 2000. Desde então, esse se tornou o
dia para que a população brasileira se una e se manifeste contra esse tipo de
violência.
O que é violência sexual?
É a situação em que a criança ou o adolescente é usado para o prazer
sexual de uma pessoa mais velha. Ou seja, qualquer ação de interesse sexual,
consumado ou não. É uma violação dos direitos sexuais das crianças e
adolescentes, porque abusa ou explora do corpo e da sexualidade, seja pela
força ou outra forma de coerção, ao envolver crianças e adolescentes em
atividades sexuais impróprias à sua idade, ou ao seu desenvolvimento físico,
psicológico e social.
Abuso X Exploração
A violência sexual pode ocorrer de duas formas distintas. Abuso sexual é
qualquer forma de contato e interação sexual entre um adulto e uma criança ou
adolescente, em que o adulto, que possui uma posição de autoridade ou poder,
utiliza-se dessa condição para sua própria estimulação sexual, da criança ou
adolescente, ou ainda de terceiros, podendo ocorrer com ou sem contato físico.
Já a exploração se caracteriza pela utilização sexual de crianças e
adolescentes com a intenção de lucro, seja financeiro ou de qualquer outra
espécie. São quatro formas em que ocorre a exploração sexual: em redes de
prostituição, pornografia, redes de tráfico e turismo sexual.
Prevenção
A melhor maneira de se combater a violência sexual contra crianças e
adolescentes é a prevenção. É necessário um trabalho informativo junto aos pais
e responsáveis, a sensibilização da população em geral, e dos profissionais das
áreas de educação e jurídica, com a identificação de crianças e adolescentes em
situação de risco, e o acompanhamento da vítima e do agressor.
Denuncie
Além da prevenção, o combate a essa realidade exige que os casos sejam
denunciados. Portanto, se souber de algum caso de violência sexual infantil,
procure o conselho tutelar, delegacias especializadas, polícias militar,
federal ou rodoviária e ligue para o Disque Denúncia Nacional, de número 100.
Você pode agir. Proteja nossas crianças e adolescentes. Faça bonito e disque
100.